Nessa última semana, dois dos filmes mais esperados do ano estrearam no cinema. Oppenheimer, do Christopher Nolan, e Barbie, da Greta Gerwig. Eu, como um amante da sétima arte, tive a brilhante ideia de entrar na onda do “Barbieheimer”, que consiste em ver os dois filmes em sequência. Ainda fiz isso em dois cinemas diferentes, com 14 quilômetros de distância entre eles. Vem ver a presepada.
Sábado, duas da tarde. Esse era o horário da primeira sessão. Oppenheimer, legendado, em um cinema do outro lado da cidade. Queria começar com esse, por imaginar ser um filme mais denso, muito longo (3 horas) e potencialmente cansativo. Foi uma decisão acertada. Oppenheimer é mais uma das obras do Nolan que vão figurar entre os clássicos. É tecnicamente impecável, muito bem construído, tem um elenco de peso e deixa o espectador tomar suas próprias conclusões.
O filme é longo, em alguns momentos pode ficar um pouco cansativo, mas é muito bom. Destaques aqui para o Cillian Murphy, que é brilhante como o Dr. Oppenheimer, e a Emily Blunt, que entrega tudo no papel da Katherine. Além disso, o nosso Albert Einstein que parece o ex-presidente do Uruguai, o Mujica, é surpreendente.
O Nolan é claramente influente em Hollywood, porque esse filme está entupido de nomes gigantescos. Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh (que só aparece nua, é um pouco estranho) e até mesmo o ganhador do Oscar, Rami Malek, marcam presença no longa.
A história é incrível. Eu não era um conhecedor da história do Dr. Oppenheimer e seu envolvimento com Hiroshima/Nagasaki, então foi impressionante ver como tudo ocorreu. Nolan toma cuidado para não pintar ninguém como santo ou demônio e deixa a responsabilidade disso na mão do espectador, o que é ótimo. Quem é o culpado? Decida você mesmo (com algumas ressalvas).
Cinco e meia. Esse foi o horário que a sessão de Oppenheimer terminou, e eu mal tive tempo de digerir tudo que tinha acontecido. Isso porque eu tinha que atravessar a cidade para assistir a Barbie, que começaria em meia hora. Foi uma correria maluca, mas as seis e quinze eu estava no cinema. A situação era muito diferente da de Oppenheimer.
Quando cheguei na bilheteria, havia uma fila gigantesca. Não me surpreendi, porque Barbie é, de fato, um fenômeno. Só que ao ir passando por aquelas pessoas, percebi que eles não estavam ali pelo filme. Uma fila de vinte metros para... bater uma foto na caixa da Barbie. O mais bizarro é que mesmo após o fim da sessão a fila continuava lá, talvez até maior. É muito louco como as redes sociais se fazem necessárias para essa “força” do cinema. Porque não adianta ir ver o filme, temos que mostrar que fomos (minha foto).
Sentei na minha cadeira logo quando o filme estava começando, o que foi ótimo. Lá estava a Margot Robbie descrevendo o seu dia perfeito na Barbieland, com aquelas cores fortes, rosa em todo lugar (inclusive como eu estava vestido) e a Dua Lipa de trilha sonora. Por conhecer outros trabalhos da Greta, como Little Women, e sua participação em Frances Ha (um dos meus filmes favoritos), eu esperava muito desse filme. Além disso, o roteiro tinha a participação do Noah Baumbach, o marido, que junto da Greta escreveu Frances Ha e o belíssimo Marriage Story, que rendeu 6 indicações ao careca dourado.
Sabendo disso, já estava preparado para o texto inteligente, sarcástico, cheio de sacadas irônicas e que discutisse muito sobre sociedade, psicologia, relacionamentos. Acho que vacilei. O Noah e a Greta trazem, sim, a discussão sobre o machismo e construção da sociedade à tona, mas de uma maneira muito rasa. Sem querer passar nenhum spoiler, esse filme fala sobre o papel dos homens e mulheres, fazendo um paralelo com a Barbie e o Ken. Toda a ideia do texto é a comparação entre o mundo da Barbie, que é comandado por mulheres, e o nosso ― que eu nem preciso falar, né.
Nesse texto, os dois fazem a crítica ao machismo e a sociedade patriarcal. Mas, como subtexto, o filme deixa a ideia de que ambos os mundos, o da Barbie e o nosso, têm problemas e precisam trabalhá-los. Gosto da ideia, gosto das sacadas, mas a coisa aqui não funcionou muito bem para mim. Acho que a Barbie teve coragem em trazer esse texto e fazer piada com a própria empresa, a Mattel, mas sem a magia dos grandes roteiros. A máxima do “mostre, não conte”, faz muita falta aqui.
Tecnicamente também é impecável. A ambientação do mundo da Barbie é tudo que poderia ser, os figurinos são iguais aos das bonecas (mais uma sacada genial da Mattel para encher os bolsos de dinheiro) e o elenco também tá cheio de grandes nomes do cinema. Destaques aqui para a belíssima Margot, que está muito bem no papel da Barbie estereotipada, e para o Ryan Gosling, que faz um ótimo Ken, mesmo que um pouco caricato. O Simu Liu também faz um bom Ken, só que bem mais discreto. Michael Cera é, bem... O Michael Cera.
Saí dessa sessão bastante cansado e com um pouco de frustração, mas acredito que a culpa tenha sido minha, mesmo. Os outros filmes que assisti dessa dupla eram um pouco mais experimentais, com investimentos menores, feitos para outros públicos. Barbie é um fenômeno que levou todo mundo ao cinema, e a Mattel não ia investir 145 milhões (sem contar com os gastos em publicidade que devem ter sido muito maiores), em um filme cabeçudo. Então tudo faz sentido. Pelo menos para mim.
Dito isso, é uma experiência que vale a pena. O Barbieheimer é sim possível e divertido, mas talvez você prefira ter um pouco mais de tempo entre os filmes (para poder comer alguma coisa) e fazer essa presepada em um cinema só. Poupa gasolina e saúde mental. Além disso, se puder, vá de rosa. A experiência de estar todo de rosa, pedir um ingresso para o Oppenheimer e ver as pessoas sem entender nada é maravilhosa.
Bebam água, comam frutas, e bom(ns) filme(s)!
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