Coisas do coração: sobre a necessidade da arte e sobre o órgão que bombeia mais do que sangue




Ênio César de Moraes

Poeta e professor. Atualmente é assessor pedagógico

no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília (CPMB)

 



Com arte, a vida fica mais bela e leve, apesar da feiura e do peso de tanta coisa existente no mundo. Tenho pena de quem não desenvolveu o gosto pela arte. Veja bem: não falo de consumo de produções artísticas, mas de apreço por elas. Porque, inevitavelmente, convivemos com músicas, novelas, filmes, entre outros produtos um tanto comercializados. Mas, muitas vezes, simplesmente apenas passamos por elas...

 

Falo de sentir a arte, de contemplá-la, a ponto de tornar-se “artedependente”! Sim, é possível! Aliás, é necessário, pois a arte nos humaniza. Ela é capaz de dar cor, sentido e vida a tudo. Nas palavras do poeta Ferreira Gullar, a “arte existe porque a vida não basta”.

 

Por exemplo, falemos do corpo humano, particularmente, do coração. Peço vênia aos professores de biologia e aos profissionais da área de saúde, mas, francamente, eu me recuso a olhar para o funcionamento do corpo mecanicamente, como se fôssemos autômatos.

 

Tudo bem! O coração, com suas sístoles e diástoles, bombeia o sangue para o corpo, o que é vital etc. e tal! Então é só isso?! O que dizer do coração de um apaixonado?!

 

Há alguns anos, desafiado por um amigo biólogo e professor, atrevi-me a

poetizar esse tema, o que rendeu este poema, denominado “Disritmia”:


 

Bate, compassado e lento,

Meu alegre coração,

Livre de qualquer tormento,

Alheio a qualquer pressão.

Mas você se aproxima...

Ai, meu Deus, quanta emoção!

O sangue ferve e me anima:

Adeus, tino! Adeus, razão!

Apressado

E contente

Pula, pulsa,

Coração,

Bombeando

Sangue e vida...

Nas idas

E vindas

Do amor,

Calor,

Desejo,

Sabor,

Paixão!
 

Por favor, não me venha com sua casmurrice científica polemizar e dizer que não se trata de disritmia, mesmo porque, até do ponto de vista estético, os versos estão bem medidos e ritmados. Ademais, nenhum argumento é forte o suficiente para demover um apaixonado de seu objetivo.
 

Arrogo-me o direito de errar, acidental ou propositadamente — vai saber! —,

amparado pelo instituto universal da licença poética.

 

A propósito, apaixonadamente, ouso propor um adendo à valorosa advertência drummondiana, de que “a vida necessita de pausas”. Em defesa da “artedependência”, busquemos uma vida com pausas e licenças poéticas.


 

Sobre os Colégios Presbiterianos Mackenzie


Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, por George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica - Educação Infantil (Maternal, Jardim, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio.






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2 comentarios:

  1. Oi Val, tudo bem?
    Nossa, me dá um aperto no coração :) só de pensar em gente que não consome quase nenhum tipo de arte. Conheço pessoas assim. O fardo do dia a dia fica bem mais leve quando podemos nos desligar da realidade, mesmo que apenas por algumas horas.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Que poema mais lindo!
    Eu sou uma pessoa que ama demais a arte em todas as suas vertentes e vez ou outra me pergunto o que seria de mim sem ela, sabe?
    E ignore qualquer comentário desagradável que pode aparecer, até pq na arte não temos que seguir padrões.

    Abraço,
    Larissa | Parágrafo Cult

    ResponderExcluir

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